sexta-feira, 19 de novembro de 2010

SOBRE MIM, ENFIM.

Eu deveria estar estudando pra um debate agora. A matéria? Assessoria de Imprensa. Caros colegas, se eu for mal, vocês vão ler isso aqui vão saber que gastei tempo escrevendo mais e estudando menos. Desculpem.

Mas enfim, eu não tenho escolha. Quando elas me chamam eu preciso ir em busca, saber o que estão querendo. Ah! Essas palavras...

Decidi o que quero da vida, gente, eu quero escrever. Os amigos devem estar pensando: “Cíntia, conta algo novo, você estuda jornalismo fia”.

Pois é, sou grata pela faculdade que curso, sou apaixonada pelo conceito de jornalismo, sua história e suas propostas, mesmo que elas andem distorcidas por ai.

O caso é que não quero escrever sobre empresas e ações, beleza e cosméticos, buracos de rua ou assassinatos. Não, isso não me atrai mais. Farei se for preciso, pelo povo e para o povo, mas não digo que isso me realiza.

Eu quero escrever sobre Ele, sobre o que sinto, vivo, vejo. Sobre o que ouço conto e me contam, o que penso e sonho, aprendo e ensino.

Eu encontro nessas benditas palavras um descanso, um carinho.

Encontro Nele todo sentido e vontade.

Então é isso, eu decidi, vou deixar que Ele e elas me levem.

As conversas que tenho tido, as musicas, as pessoas, tudo me arrasta pra esse sentido, talvez aqui nasça uma escritora, talvez seja apenas um sonho.

O caso é, como disse outro dia no meu twitter, tenho sonhado sonhos mui altos e há pra mim duas opções: ou eu vôo acima de tudo isso ou me estabaco de vez. Só não da pra ficar imóvel.

Agora em mente, tenho um livro reportagem para o TCC.. vou compartilhar aqui em breve a idéia e o que tenho lido sobre, penso que vale muito a pena.

Até a próxima leitores, fiquem com Deus e com o Milton e minha musica preferida no momento. rs

"Viajar
Nessa procura toda
De me lapidar

Nesse momento agora
De me recriar
De me gratificar
Te busco alma
Eu sei"



terça-feira, 9 de novembro de 2010

MENINA E SÓ

Não se deixem enganar. Não se vendam pelo que eu aparento.
Eu sou só uma menina.

Alguém que precisa de uma mão pra segurar à noite e uma voz que diga que tudo está legal.
Uma menina querendo que achem o seu desenho bonito
Que tem medo e que chora porque os pais ainda não voltaram.

Uma criança escondida debaixo da cama tentando entender o que fez de errado.
Desejando um pedaço de bolo e um presente bonito embrulhado com laços azuis.

Às vezes eu finjo e tento esconder tudo isso buscando prazer em coisas grandes, tentando aparentar inteligência, tentando me fazer crescer.

Mas preciso admitir que sou só mais uma criança querendo brincar lá fora num dia chuvoso.
Pular corda no meio da rua.
Querendo um abraço já que tudo está escuro e um doce pra acalmar o meu choro.

“Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito a força, numa procura

Milton Nascimento

terça-feira, 2 de novembro de 2010

SOBRE NÓS E O OURO


“Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar

...Clarice Lispector...

“É preciso matar um leão por dia”

“O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem de manhã”

“Quem acredita sempre alcança”

Frases usadas para dar consolo, manifestar uma situação invariável na vida do ser humano, todos nós temos problemas.

Todos acordamos um dia e não vemos sentido algum em levantar da cama ou então, não conseguimos conter o choro.

Muitas vezes são situações banais que vêm e vão como uma chuva rala no verão. Mas outras, são dores intermináveis que cutucam e cutucam e só passam pra mais tarde tornar a incomodar. Quem não tem?

Quem tem família, emprego, saúde ou não, relações, vícios ou não, dinheiro ou não, juízo ou não, tem, teve ou terá um motivo pra sofrer. Você pode estar pensando, “poxa que post mais down” Aguenta aí ta bom? rs

Uma vez eu li um livro de um dos melhores escritores cristãos, Ron Mehl. E ele disse: “Mostre-me alguém que não tem problemas e eu te mostrarei alguém cuja vida é superficial e vazia”.

Sim, my dears, eu tenho problemas. Familiares, internos que não vêm muito ao caso. Mas o que posso e quero dizer é que eu não seria a mesma pessoa sem eles. Se não fossem esses tais talvez eu não me ajoelhasse todos os dias me lembrando que há um Deus que me ama, talvez eu não procurasse compreender ao próximo como venho tentando. Talvez eu fosse mais uma garota vazia e superficial escolhendo uma cor de vestido agora, mas eu estou aqui tentando compartilhar alguma coisa.

Tentando dizer que sim eu sofro e seja qual for a dor que vem cutucando meus leitores, é preciso saber que isso não é um dom pessoal de alguns, todos nós sofremos, porém, todos nós aprendemos a dar passos mais fortes cada vez que caímos, aprendemos a voar mais alto cada vez que descemos e sentimos como é difícil estar por baixo.

Eu espero alcançar um sentimento de plena felicidade em que não tenha mais que preocupar ou pensar em nada? Não.

Não acredito nesse tipo de felicidade. Eu acredito em superação, em momentos de plenitude que vem e vão, assim como os momentos de dor, afinal, não podemos parar de aprender, mudar e crescer nunca.

Vocês sabem como um pedaço de ouro se transforma num belo anel não sabem? É passando pelo fogo.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

ÉTICA

O texto é de Luiz Felipe Pondé. Conheci dias desses em uma aula e achei que seria bacana dividir por aqui. Espero que gostem.

DE FATO é muito feio dizer que as pessoas devem ser julgadas pelo que elas "servem". Mas, se o mundo está esmagado sob essa máxima funcional (as pessoas só valem quando "servem para alguma coisa"), ainda queremos que ela seja dita em voz baixa.

Muitas pessoas estão prontas para se indignar quando dizemos que alguém não "serve" para nada. Mas, no seu dia a dia, é esse mesmo jargão que rege seus atos. Talvez, essa máxima funcional deva vir embalada em bobagens como "tenho direito de ser feliz, por isso vou lhe abandonar, porque não vejo uso em você". Mas eu, que tenho uma vocação natural para iconoclastia (a arte de ir contra o "coro dos contentes" e não ter medo da opinião alheia, coisa rara num mundo intelectual que agoniza sob a bota do ressentimento dos ofendidos profissionais, a nova face da velha censura), não me contenho e penso em algumas situações onde a máxima "as pessoas só valem pelo que servem para as outras" decidiria nosso futuro. Quer ver um exemplo? O que diriam para uma jovem mulher (ou homem, tanto faz) caso seu marido (ou esposa) sofresse um acidente que o(a) deixasse inválido para a vida normal? Sem movimento, sem corpo, sem sexo, sem trabalho, sem vida, sem poder ir jantar fora, viajar ou ir ao cinema.

Será que alguém diria "fique ao lado dele até a morte"? Ou "abra mão do seu corpo, do seu movimento, do seu trabalho, do seu sexo, para cuidar dele"? Ou seria mais provável que ouvíssemos coisas do tipo: "Você tem direito de ser feliz, não sinta culpa". Ou, talvez, num modo mais espiritual: "Talvez ele tenha escolhido esta forma de provação, mas você não é obrigada a abrir mão da vida junto com ele". Ou ainda: "Antigamente você seria obrigada a aceitar isso como o fim da sua vida, mas ainda bem que hoje o mundo mudou e as pessoas têm o direito de buscar sua satisfação na vida sem ter que sentir culpa". A questão aqui em jogo é o caráter insuportável do dia a dia. A perda da liberdade de escolha na qual você é jogada por conta do acidente do outro.

A hipocrisia está em negarmos que o abandono como "direito à felicidade" está sustentado na inutilidade do outro para a sua felicidade. Talvez por conta de minha natureza arredia a festas, coquetéis e eventos, eu entre em agonia diante de tamanho papo furado. Você me pergunta: "Qual é o papo furado?". Respondo que o papo furado é negar que vivemos sob a tutela dessa moira cega que manda em nossa existência: só temos companhia quando "servimos" para algo. Claro que não há saída fácil para uma tragédia como essa (um acidente que destrua a vida de alguém com quem escolhemos viver junto), mas a saída começa por reconhecermos que você não tem saída. Abrir mão de sua vida é um suplício, mas o outro sabe que se tornou um estorvo em sua vida e que em algum momento terá que encarar o fato de que "não serve mais para nada". Terrível condição, escândalo insuperável. Seria o silêncio enquanto o abandonamos uma forma mais elegante de fugir? Talvez uma visita de vez em quando e uma boa enfermeira ao seu lado, paga por nós? A vida nos obriga a fazer escolhas terríveis, mas parece que agora decidimos que "tudo é bonito se dissermos que é bonito". Como nos contos de fadas. Mentira: nossas escolhas são pautadas pelo útil, nossos atos são calculados, nossos afetos são estratégicos. E a moderna ciência do egoísmo encontra as fórmulas para fazer isso tudo bonito. E o contrário disso não é a felicidade, mas a maturidade. Adultos infantis não gostam disso. Preferem ser avatares de si mesmos num mundo sempre florido.

A infantilização do mundo caminha a passos largos. Todos abraçam sua "mentira ética" como forma pessoal de marketing de comportamento. Como numa espécie de "lenda ética sobre si mesmo", queremos projetar de nós mesmos uma imagem de doçura que, na calada da noite, traímos. É nessa mesma calada da noite que acordo e peço a Deus que me faça não ver os outros apenas como "uso". Mas sempre fracasso. Não pensar nas pessoas apenas como objeto de uso é uma conquista dolorosa, como tirar leite de pedras.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

DESABAFAR É PRECISO

Sei, eu sei. Eu abandonei este blog.

Na verdade eu penso em escrever sempre, o tempo todo. Mas não tenho postado. Tenho em mim a sensação de que é tudo a mesma coisa, eu sempre reclamando de como é difícil não se adaptar ao que querem que você se adapte, sempre falando mal de algumas formas de manipulação e lutando contra mim mesma para não ser mais um, mais uma.

Ultimamente tudo me parece realmente igual. O mesmo inconformismo, a mesma revolta, o mesmo grito sem resposta.

Pra variar me apresentaram ao Chomsky. O que ele diz? Que há mais manipulação na imprensa do que sonhava nossa vã rebeldia, e que ainda que tentássemos fazer diferente, seria impossível, porque os meios desta manipulação estão intrínsecos, embutidos de forma a não nos deixar opção alguma.

Outro dia me perguntaram: Que sistema é essa no qual estamos inseridos? Pois é, eu também me pergunto. Como posso eu fazer algo além dele com tanta publicidade, futilidade, imbecilidade reinando por aí. Quem vai ouvir a minha voz, enquanto o Boticário lança uma linha nova de maquiagem ou aquela casa noturna contrata alguém de NYC. Acho que poucos ou ninguém.

Mas ainda não me ouvindo, eu continuo pensando, confabulando histórias, livros e meios de impedir que essas grades me suguem. Impedir que eu vire alguém vendendo sorrisos enquanto não faz nada pelo próximo, estou tentando, me arrastando em meio a multidão. As vezes me canso, me rendo também.

Inquietações me desarmam, me destroem.

Fui a um lugar ontem, comer eu acho. Um senhor de uns oitenta anos veio pedir pra olhar o carro em troca de uma moeda. Vi na TV a história de uma menina estuprada pelo tio e a do menino com ordem de despejo do casarão tomado à força pelos pais alegando ser classe média e ter uma vida perfeita. Vi um povo que elege humoristas e quase elege cantor de pagode para ser representado por eles. Ouvi falar dos fariseus vendendo milagres, professando uma fé oca e massificando sem piedade.

Então deixo a pergunta aos meus caros leitores: Que sistema é esse no qual estamos inseridos?

“Está na natureza
Será, que será?
O que não tem certeza nem nunca terá
O que não tem conserto nem nunca terá
O que não tem tamanho...

O que será, que será?
Que vive nas idéias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Que está no dia a dia das meretrizes
No plano dos bandidos dos desvalidos
Em todos os sentidos...

Será, que será?
O que não tem decência nem nunca terá
O que não tem censura nem nunca terá
O que não faz sentido..”

...Chico Buarque...


sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O REFÚGIO SECRETO DE CORRIE

“Precisamos de flores nas janelas”, disse. “Poremos caixas de flores em todas elas. Teremos que tirar o arame farpado, lógico; depois vamos pintar tudo. De verde. Verde claro brilhante – a cor das plantinhas novas, quando ressurgem na primavera.”

Extraído do livro “O Refugio Secreto”.

Esse é com certeza um dos meus livros preferidos. Conta a história de como uma família alemã escondeu muitos judeus que fugiam dos nazistas de Hitler. Eles tinham um pequeno quarto em casa, então Corrie, seu pai e sua irmã tiveram a idéia de colocar ali uma parede falsa com uma pequena e camuflada passagem e então, ficaram protegidos por um bom tempo judeus de várias idades e ambos os sexos.

Mas, não durou por todo o regime opressor essa condição, eles foram delatados ao serviço especial do ditador que prendia e oprimia aqueles que não eram considerados pertencentes à “raça pura”.

Corrie e sua família foram condenados aos mesmos absurdos pelos quais judeus foram, sofreram as mesmas dores, cansaço, fome e humilhação nos campos de trabalho forçado. O pai idoso não resistiu e morreu logo, a irmã veio depois. Então ficou Corrie sozinha?

Essa cristã, alemã, mulher tinha uma fé inabalável e uma folha da Bíblia, livro proibido naqueles dias, a qual lia em secreto e se fortalecia naquelas palavras.
Mais tarde, ao deixar aquele lugar Corrie fundou um Centro de Recuperação para vítimas dos centros de concentração. Mas era pouco. Ela fundou depois um centro para recuperar a saúde física e mental de ex soldados do regime nazistas.

Ela perdoou e ensinou o perdão, unindo mais tarde os dois locais em um. As vítimas de ambos os lados passaram a conviver no mesmo lugar, ensinando e aprendendo, afinal, em um regime totalitário todos são vítimas.
Através de seu testemunho de vida feito em parceria com John e Elizabeth Sherrill e publicado em 1971, ela tem espalhado mensagens de esperança e perdão a todo mundo através de seu livro.

Ela era alemã, ela tinha a tal da “raça pura” e não precisava passar por isso, mas porque passou? Só o amor ao próximo pode justificar determinadas atitudes. Esse, creio eu, é o verdadeiro significado de viver em sociedade, cada um ajudando com o peso do outro, compartilhando como irmãos o sal e o trigo.

Que refugio secreto eu posso criar para abrigar ou proteger (no sentido figurado, claro) alguém que realmente precise? Por amor ao próximo, o que eu posso fazer para pelo menos tentar resolver ou amenizar as coisas? Não se concentrar nos próprios probleminhas e um pouco de amor resolve, eu ainda acredito nisso.

Recomendo muito esse livro, há também o filme gente. Vale a pena.
Até o próximo post pueblo!


“Porque era assim que a humanidade devia ser de acordo com o plano divino: como os músicos de uma única orquestra, como os órgãos de um único corpo."
... C. S. Lewis...

quinta-feira, 22 de julho de 2010

ALEGRIA

Quantas as noites é preciso chorar até que ela venha?
Quantas lágrimas serão recolhidas até que se sequem completamente?
Eu espero ardentemente até isso vir pra mim.

Eu vou pelo caminho jogando as sementes, regando com choro
E clamando pelos seus frutos.
Aguardando com paciência, até que Ele se incline pra mim.

Ele disse que ela está chegando, que o dia está nascendo
E que com a manhã haverá transformação.
Eu vou confiar.

Porque em Sua presença até a tristeza salta com ela.
Até os montes se movem e as grandes ondas se deitam com tranquilidade.
Ele me fará conhecer os caminhos da vida e com o próprio rosto me encherá com ela.
Secará com os seus dedos cada gota de tristeza.

Os mesmos dedos que formaram tudo que os olhos podem ver.
E então, será dia pleno.
Paz perfeita.
Completa alegria.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

ALGO SOBRE O ESPÍRITO


Existe algo sobre espiritualidade que quase nunca é falado. Alguns seres humanos não gostam muito de se expor. E revelar o que se sente sobre alguém que não se vê e não se ouve, no plano físico, pode parecer meio loucura, eu sei.

Mas esse algo do qual me refiro, vai muito além dos versículos citados em um lugar repleto de fiéis, além dos folhetos evangelísticos que jogam em nosso quintal e ainda mais das pessoas que tentam nos agarrar a força e nos jogar dentro das igrejas.

Eu falo daquele ponto, escondido no fundo do peito que ninguém nunca entendeu direito, ninguém nunca falou muito bem sobre isso. Aquela pequena dor, que fere e arde e ainda que pequena nos consome.
Eu sempre a senti.

Quando se desperta bem cedo e um vazio estranho se manifesta, você sabe, ele sempre esteve ali, mas há dias e momentos em que ele grita, uma fome que não vem do corpo, um estado em que não se tem o controle. O nome? Eu não sei, mas o conheço bem.
Então, você sente que nada do que tem ao seu alcance vai preencher e que se não correr isso pode sufocar, até que ponto? Eu também não sei.

Eu sei que corro, como um animal precisando de água corre às fontes mais puras, eu vou, com tudo o que tenho à fonte de minha existência, me preencher pra mais um dia, beber da Sua maravilhosa presença.

Esse ponto habita em todos. Acontece que alguns o reconhecem enquanto outros o tentam preencher com coisas que nunca poderão satisfazê-los completamente.

Como uma mãe que ainda com o cordão umbilical cortado permanece sempre ligada ao filho, eu tenho uma ligação eterna com Aquele que me fez, me formou ainda no ventre e escreveu meu nome e meus dias nas palmas de Suas mãos.

Preciso correr, está apontando de novo.

“Se eu encontrar em mim mesma
Desejos que nada neste mundo pode satisfazer,
Eu só posso concluir
Que eu não fui feita para este lugar...

...Fale comigo na luz da alvorada
Misericórdia vem com a manhã
Eu suspirarei e com toda a criação gemerei
Enquanto espero a esperança vir para mim.”

C.S. Lewis Song/ Brooke Fraser

segunda-feira, 21 de junho de 2010

ÀS MOSCAS II


E as moscas azuis continuam rondando.
Com seu zunido infernal anuviando meu cérebro
Tentando destruir a alegria de uma noite de paz.
Eu não sei o que elas querem...

Talvez atormentar, chantagear, despedaçar um coração já cozido.
Que depois de tanto ter temido, soluçado e esperneado,
Começa a sentir a leveza de dias suaves.

Esses animais peçonhentos
Tão sem pensamento, se alimentam do tormento de quem não se interessa por eles.
De quem vive além do quadro azul e escapou do falso mel a que se submetem.

Voem pra longe bichos imundos!
Vão atormentar o inferno
Voar sobre os seus altares mal cheirosos,
Tão brancos por fora, recheados de enxofre.

Porque em mim que já voei esse vôo,
vocês não pousam não.
Eu prefiro olhar os pássaros e bater as asas em direção ao norte.


“São soníferos, chagas sem curas.
Não reproduzem, são inférteis, infiéis, "infértebrados".

É mais fácil aturar a tristeza generalizada
Que romper com as correntes de preguiça e mal dizer.
Silenciam-se no holocausto da subserviência
O organismo não se anima mais.
E assim, animais ou menos assim,
Descompromissados com o próprio rumo.

Desprovidos de caráter e coragem,
Desatentos ao próprio tesouro...caem.
Desacordam todos os dias,
não mensuram suas perdas e imposturas.
Não almejam, não alma, já não mais amor.”

...Insetos interiores/ TM...

segunda-feira, 7 de junho de 2010

FORA DO TRILHO

Quem anda no trilho é trem de ferro, sou água que corre entre pedras: liberdade caça jeito.
...Manoel de Barros...


Sabe quando muita gente te procura pra dizer que você errou? Quando te olham estranho, como olhariam pra alguém em um manicômio? Ou quando ignoram a sua presença evitando qualquer palavra brusca temendo despertar algo ruim que segundo eles, vive em você?
Eu sei.

É estranho se sentir um peixe fora d’água ou uma borboleta em um aquário como na musica dos Engenheiros do Hawaii né?
É!

Mas ainda sim vale a pena.
Quando se pula o muro do comodismo a queda sempre machuca. Mas o tempo passa, a ferida sara e a alegria de uma realidade nova rompe as paredes do seu mundinho antes vulgar.

Aí então, quando se respira livremente e sente o calor de ser aquilo que se quer, a gente pensa: “demorei demais pra chegar aqui”.

Sim, eu passei por uns bocados ruins por ter coragem de fazer o que a maioria não tem.
Por fugir do altar. Por dizer não pra aquela estupidez toda que ninguém suporta mais. Por erguer o som, rasgar a saia, cortar o cabelo e atirar fora aquele jeito estranho. Por bisbilhotar o que não devia.
But I’ll survive e “se eu soubesse antes o que sei agora erraria tudo exatamente igual”. (Karmas & DNA)

Ontem uma alegria incomum perfurou meu peito, subiu pela garganta e pulou pra fora da boca. Então gritei, “oh Lord! Que bom que sempre fui meio rebelde”

“A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como
sou - eu não aceito.
Não agüento ser apenas um
sujeito que abre
portas, que puxa válvulas,
que olha o relógio, que
compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora,
que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem
usando borboletas.”

Manoel de Barros





terça-feira, 1 de junho de 2010

LÁ FORA...

“Abra o vidro do seu coração, o amor gera atitudes
Comece a agir, chega de falar, só com palavras não se pode mudar”
...Oficina G3/ Indiferença...


Foram chegando aos poucos e se enfileirando naturalmente por trás do portão de grades. As senhas distribuídas e o tempo determinado. Cada pessoa teria alguns minutos para escolher o que precisasse. As crianças gritavam eufóricas com a possibilidade de peças novas, ainda que em estado questionável.

A campanha do agasalho gera uma dose de tumulto todos os anos entre a população que precisa da caridade alheia para aquecer-se no inverno. Muitas mulheres, homens e crianças vêm nela a única oportunidade de esquentar mais que o coração na estação mais fria do ano.

Olhando a cena pela câmera, sentada confortavelmente em minha cadeira giratória, enquanto falava com minha amiga de trabalho, senti vergonha. Eu usava coisas que considerava velhas após três meses. Havia enjoado das cores e tudo me parecia muito comum.

Então é isso, pensei, eu me vendi.
Me deixei barganhar por um modelo de sociedade altamente consumista, onde tudo perece rápido, onde o amor não evolui no mesmo passo que a moda. Essa tendência do consumo exagerado que esvazia a mente e nos afasta de valores realmente importantes e o individualismo que não nos deixa ver além.

A verdade é que tentamos colocar coisas no lugar de pessoas. Aromas perfumados pra esconder o cheiro de esgoto de nossos corações maltrapilhos e muita, muita cor pra esconder o desespero e o cansaço que nossos pequenos problemas e miseráveis vontades nos proporcionam.

Então a pergunta é onde estamos quando tragédias assolam países, cidades ou mesmo o nosso vizinho? O que estamos fazendo ou em que estamos pensando quando pedem, silenciosamente, ajuda, e nós não ouvimos?

Estamos confortáveis em móveis macios, visitando web sites de noticias ou de entretenimento, comendo sem ao menos olhar para o alimento.
Enquanto isso, lá fora uma multidão se enfileira, atrás das grades do desumano e egoísmo.

Então:
Qual é? a atitude que cê toma?
Qual é? porque a cerveja eu já sei!
Qual é? a atitude que cê toma?
Qual é? porque a cerveja eu já sei!
...TM / Comercial...

sábado, 22 de maio de 2010

UM POUCO MAIS DE PACIÊNCIA


“Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...”
...Lenine/ Paciência...


Tenho feito dessa música do Lenine um hino e me apegado com força. Mas nem sempre foi assim, na verdade comecei há pouquissimos dias.

Quando se entra na sala de um médito depois de se submeter a vários exames, e ele arregala aos olhos e diz que está em um nível elevadíssimo de stress e informa que seu problema é uma doença comum para mulheres acima dos 45 anos, é hora de repensar. Não é? Bem, foi assim.

Algumas pessoas não acreditam, mas quem convive lado a lado comigo sabe como eu posso ser stressada e irritante, como cada pequeno detalhe fora do que eu chamo de normal pode acabar com o meu dia ou me fazer acabar com o dia de alguém.

Essa sou eu. Totalmente absorvida pela necessidade de se manter informada a respeito de tudo que acontece e ao mesmo tempo, louca por respeitar prazos, fissurada em novas tecnologias, especialmente as que envolvem relacionamentos. Querendo ler tudo, saber tudo, acertar tudo. Você que é meu amigo e se surpreendeu devo te dizer, eu finjo bem né? rs

Não parece, mas eu sou meio louca.
Não suporto a ideia de não saber, não fazer. Odeio ir a supermercados porque sempre tem donas de casa conversando e atravancando os corredores, odeio gente lerda, gente barulhenta e gente tapada. (Confissão difícil)
Também odeio esperar qualquer coisa.

A enfermeira que fez meus exames disse exatamente assim: “Você não se acha nova demais pra tanto stress? Vamos acalmando aí mocinha”.
E eu, com toda cara de pau respondi: “Ser stressada é normal, ser calmo demais que é um absurdo”.

Como eu estava errada.
Adianta querer fazer tudo certo, se incomodar com coisas pequenas pra no outro dia não conseguir nem sentar durante uma crise de labirintite?

Adianta dirigir com pressa até se envolver em um acidente com mais dois carros e carregar um trauma por longos meses? (Ainda carrego)
Adianta entregar no prazo, mesmo sem dormir ou comer direito, se depois vou ter que esperar pela nota porque meus amigos não sacrificaram o mesmo tempo que eu, porque eles estavam vivendo o que eu não estava?

Não. Não adianta.
Decidi que não preciso tanto da internet e nem ler tudo que os professores mandam. Não preciso de um celular mais moderno e nem dormir menos. Eu preciso de calma e amor por cada segundo que eu vim desperdiçando.

Vou parar sim.
Pra curtir o som do Zá Ramalho e assistir o ultimo capítulo da novela (sempre me emociono).
Pra bater papo na cantina com amigos e ouvir como foi o dia deles e quem eles tão paquerando.
Vou inventar alguma desculpa pra entrega fora do prazo e voltar a ler os livros sobre mulheres do oriente, minha literatura preferida ainda que pareça estranho.. rs

Fugir dos novos mandamentos desse mundo insano é o que realmente eu preciso agora.. E você será bem vindo se quiser fazer isso comigo.

“E até que a morte eu sinta chegando
Prossigo cantando, beijando o espaço
Além do cabelo que desembaraço
Invoco as águas a vir inundando
Pessoas e coisas que vão se arrastando
Do meu pensamento já podem lavar

Ah! no peixe de asas eu quero voar
Sair do oceano de tez poluída
Cantar um galope fechando a ferida
Que só cicatriza na beira do mar
É na beira do mar”

Zé Ramalho/ Beira Mar


domingo, 9 de maio de 2010

E EU QUE NEM SOU MÃE

“Que em qualquer momento, meus filhos, sendo eu qualquer mãe, de qualquer raça, credo, idade ou instrução, vocês possam perceber em mim, ainda que numa cintilação breve, a inapagável sensação de quando vocês foram colocados pela primeira vez nos meus braços: misto de susto, plenitude e ternura, maior e mais importante do que todas as glórias da arte e da ciência, mais sério do que as tentativas dos filósofos de explicar os enigmas da existência. A sensação que vinha do seu cheiro, da sua pele, de seu rostinho, e da consciência de que ali havia, a partir de mim e desse amor, uma nova pessoa, com seu destino e sua vida, nesta bela e complicada terra. E assim sendo, meus filhos, vocês terão sempre me dado muito mais do que esperei ou mereci ou imaginei ter.”

...Lya Luft...


De todas as datas comemorativas, essa é uma das que mais mexe com a gente. Para o comércio, a mais lucrativa depois do Natal. Seria apenas consumo como tantas outras?
Eu penso que não. Nesse dia a preocupação não é dar o melhor presente, o mais caro, o que está mais na moda.
O que nós queremos é que elas saibam que nós nos importamos. Sendo o valor da lembrança pequeno, ou não havendo nada a dar. Elas não se incomodam muito.


Eu não sou e não sei se um dia vou ser mãe. Não há nada programado, nenhum sonho que me consuma a esse destino. Mas o sentimento de cuidado e amor que é encontrado nelas, já senti muitas vezes.

Esse dia pra mim, é pra todas aquelas que amam alguém mais que a si mesmo, a ponto de entregar o que for pelo bem estar desse alguém, tendo o trazido em seu ventre ou não.
Minha sobrinha acaba de completar 5 anos e aprendeu a escrever o próprio nome. Posso contar qual foi a segunda ou as segundas palavras que ela aprendeu?
Esses dias ela me trouxe uma folha de papel com duas meninas desenhadas e em cima da cabeça da mais alta e desajeitada estava escrito em letras completamente tortas porém lindas: “ TIA CI”.

Portanto meus amigos, se tudo é uma questão de sentimento, este dia também é meu.



terça-feira, 27 de abril de 2010

GLORINHA

Eu sei que deveria ter te contado Glorinha. Eu sei que devia, mas a coragem fugiu, escapou como um gato que de água corre.
Acho que nunca vou perdoar essa boca velha por esconder de você a verdade de uma vida tão esquisita que se veste de luz e esconde a sujeira enganando as almas simples como a sua.

Você, desde pequena sempre foi muito bonita Glorinha, mas muito além dessa beleza que esses olhos cansados viram, sempre houve uma luz como aquela estrela que na noite de chuva aparece sozinha.
Algum misto de bondade e esperteza. Algum sonho que piscava dentro dessa pele e desse rosto de boneca, nalgum canto, esquecida.

Hoje, quando olho já não percebo o sorriso da pequena que brincava em meu quintal, que falava com as flores do jardim do vizinho. As azaléias brancas eram suas favoritas. Você lembra Glorinha? Elas algum dia te responderam menina?

Elas deviam te falar, aquilo que me esqueci, encantado com tanta vida que pulava de ti. E era como se essa vida me falasse: “Cale a boca seu velho, não atormente a menina com tanta amargura. Ela é tão bonita”.

Mas precisava ter alertado. Ter te proibido de falar com as flores e te obrigado a treinar cálculos. É isso que eles querem Glorinha, alguém que calcule bem os lucros das indústrias e dos bancos.

Devia ter te reprimido, fazer essa beleza chispar igual lobo do mato. Porque essas pessoas que aí estão te rondando são invejosas e mesquinhas, e não vão poupar trabalho pra roubar essa estrela que brotou não sei como e nem por quê.

Eu já sou velho e pobre, porque eles já levaram tudo o que eu tinha. O brilho se apagou faz tempo. Mas você ainda é tão nova e ainda tem tanto, não permita que eles tomem o que te sobra.

O que acontece é que eles têm medo Glorinha. Medo que você os apague ou ofusque. Porque sabem que não são iguais, que não possuem o mesmo jeito e nem gestos seus. Nem mesmos os sentimentos ou o mesmo futuro.

Se proteja desses ratos e se guarde com fé. Não esqueça nunca que existe alguém menina, que ouve e atende um coração como o seu. Ele se chama Respaldo.

Agora vou me deitar porque a idade está gritando. Pegue o meu remédio e, por favor, cubra os meus pés.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

UM DIA...

Eu sempre fiz completa questão da opinião alheia. Sempre me oprimi até que alguém me aplaudisse, mesmo quando a dor da opressão era tão intensa, que nem podia ouvir as palmas.

Até que eu fui vendo...
que quando eu choro, eles não estão lá para secar as minhas lágrimas;
Quando consigo vencer, eles não valorizam o esforço e pedem mais;
Que se eu me guardo em mim, não me procuram e nem perguntam... nada.

Foi então que eu percebi...
que o mundo é mais que essas paredes de concreto;
e o sol mais que esses raios que escapam pela janela;
Que quem realmente importa me segurou no momento mais estranho e complicado,
sem olhar pra o que eu vestia ou comia, olhou para o que eu trazia guardado.

E foi assim, com o vento balançando e chacoalhando as àrvores do cemitério, pensando no final e no começo de tudo isso que chamamos de vida, entendi o que disse Madre Tereza: "No fim das contas, é entre você e Deus".

Mando então um grande "dane-se" pra eles e seus conceitos, opiniões azuis ou verdes. Eu vou para os meus.
Vou sair pra me lembrar que a vida não é isso.
Vou falar o que me vier à mente, pra provar que sei pensar, e que desde que aprendi a fazer isso por mim, nunca mais pensei como os outros, assim como Clarice.

E todos eles, com planos sobre mim, com preconceitos e parâmetros que não me cabem mais me esquecerão. Deus abençõe que eles me esqueçam.

Que enquanto se estapeiam por nomes e títulos, eu coloco um vestido estampado, danço na chuva. Abraço um amigo e beijo um amor...

E enquanto se perguntam o que aconteceu e onde estão as palmas, eu sinto e vivo cada dia como se fosse apenas meu. E eles são.

((Esse é para todos os meus amigos verdadeiros que amo tanto))

quarta-feira, 17 de março de 2010

DENTRO OU FORA? OS DOIS!

Semana passada tive uma aula muito bacana, e um dos ensinamentos que ficou é que “Conteúdo e aparência devem andar juntos”. Claro que, no caso meu professor se referia à produção de notícia no jornalismo, escrever bem, e ao mesmo tempo dar à pagina cores e uma diagramação bonita, que desperte atenção do leitor.

Saindo do conceito dos profissionais da informação, essa pequena dica continua muito válida. Tenho observado alguns grupos na sociedade atual. O grupo “Tenho conteúdo demais pra me importar com a aparência” e o outro, “Tenho músculos ou/e maquiagem demais para ler um bom livro”. (Lembrando o que disse Mário Quintana, alguns livros só existem para preencher espaço nas estantes)

Enfim, estive pensando em como é importante manter um equilíbrio. Há pouco tempo assisti uma entrevista com um famoso consultor de moda, ele defendia a importância do estético assim : “No mundo de hoje não há tempo para se conhecer as pessoas muito bem, olha-se o exterior, se for interessante passamos para o nível do conhecimento, se não for chamamos o próximo”. Depois, ele complementa, “Se este for apenas aparência, passamos adiante até encontrar alguém que seja completo”. E ele está certo.

Dar um valor demasiado à aparência a ponto de fazer disso o sentido da sua vida é mesmo burrice, porque, como todos sabem a maquiagem sai com água e sabão, as roupas desbotam e a moda muda centenas e centenas de vezes, não é impossível acompanhar tudo isso, é só inútil.

Mas burrice da mesma proporção é ignorar que para se ter uma carreira, um bom emprego e até credibilidade, é preciso cuidar sim, pensar sim em como nos apresentamos. Acho que é isso, equilíbrio é a palavra.

Como é bom ver uma pessoa verdadeiramente bonita, alguém que reúna a combinação exata entre inteligência e graça.
Não posso e nem quero julgar aquelas que pensam apenas em seus corpos, cabelos e coisas.

Acontece apenas, que quando o tempo maltratar o corpo, quando meus cabelos forem brancos e meus vestidos velhos, quando ninguém mais se lembrar o nome da modelo mais bem paga ou do estilista mais famoso, eu pretendo continuar lá.
Provando que vale a pena ser mais do que um reflexo no espelho e um sorriso em uma foto.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

NO ÔNIBUS COM DEUS

É quando todas as luzes se apagam que ela chega. Aproxima-se lentamente roubando o sono ou sugando lágrimas. A frustração é umA companhia ruim.

É quando ninguém nos vê que descobrimos quem realmente somos, quando não precisamos nos auto afirmar ou ter vergonha de sofrer, já que não há ninguém ali.
Há algum tempo estive lendo livros demais, chorando demais e dormindo e me alimentando de menos.

Quem nunca sofreu uma grande perda ou nunca sonhou alto não sabe do que eu possa estar falando agora. Mas você que já sentiu na pele o que é desejar muito e receber um grande não, ou construir um castelo e vê-lo ruir bem ali na ponta do nariz, compreende muito bem as minhas simples palavras.
Tentando desesperadamente combater alguma coisa dentro de mim, me erguer e por em pé com toda minha força, porém sem sucesso algum.

Então um dia, dentro de um ônibus, com a visão embaçada, não sei se pela chuva ou pelas lagrimas teimosas que tentavam escapar por trás dos meus óculos, eu ouvi algo no meu Mp4 player, uma canção única e traduzindo do inglês, ela dizia assim:

Quando você faz o seu melhor, mas não tem sucesso
Quando você tem o que quer, mas não o que precisa
Quando você se sente tão cansado, mas não consegue dormir
Preso ao contrário

E quando as lágrimas escorrem pelo seu rosto
Quando você perde algo que não pode substituir
Quando você ama alguém, mas não dá certo
Poderia ser pior?

Luzes vão te guiar para casa
E incendiar seus ossos
E eu vou tentar te consertar

Eu não sei se você pode, mas eu posso ouvir Deus cantando isso pra mim. Eu posso ver Deus tentando fazer aquilo que eu não posso, chegando a lugares escondidos que eu mesma desconheço.

A musica Fix You ( Cold play) me fez lembrar que não depende de mim, mas sim Dele. Ele consertará os meus caminhos e me fará andar em paz.


( Esse blog não tem objetivo de falar apenas de questões espirituais, mas eu precisava postar isso. Comente!)



terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

MAS É CARNAVAL!

“Deixa eu brincar de ser feliz,
Deixa eu pintar o meu nariz”

Los hermanos


José nasceu em cima do morro há 7 anos, seu choro foi ouvido pelos barracos encostados no de sua mãe. O pai está preso por tráfico e a mãe está agora no sofá pensando no jantar.
Faz três dias que ele só come arroz. Seu brinquedo preferido é o carrinho que o seu Antonio da viela acima fez com pasta de dente.

Ele não tem Tv, então vai ao bar do Joaquim pra ver um pouco todas as noites. Lá, pessoas como seus pais se unem para acompanhar a programação da vez.
Cantores, atrizes em penas e plumas, carros com metros e mais metros de altura, brilhantes, cristais.

Os reporteres falam dos preços que as escolas e os cofres públicos desembolçaram. Eles sambam, mexem, e jogam para a multidão um sorriso largo com dentes brancos como o leite. Leite que o José não se lembra do gosto.

Seu Joaquim desliga a Tv.
O José volta pra casa, é hora de jantar o prato de sempre, acompanhado de um copo d’agua.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

EU VOU

Eu vou pintar um nariz de palhaço pra rir da minha própria desgraça.
Me maquiar até esconder as olheiras que resultam das noites e dias que não durmo.
Rosar minha face artificialmente e camuflar a falta de vida e os dias em que não como.

Eu vou rir um sorriso frio, pra que ninguém me pergunte o que eu tenho.
Vou cantar uma música alegre pra enganar aos que me odeiam.
Vou comprar um perfume caro pra que não percebam o cheiro podre que exala de dentro.

Vou me vestir como a moça da TV, sendo alguém que não sou, demonstrando algo que nunca senti.
Nos pés o salto pra me sentir maior e acima de tudo isso.

Eu vou comprar o mundo, vou colocar um novo objeto no lugar de alguém que tenha ido.
Vou pentear os meus cabelos e usar neles o melhor e mais perfumado óleo que encontrar, pra que meus pensamentos não escapem. Pra que minha cabeça se contenha em carregar fios tão lindos que não me traga mais lembrança alguma.

Eu vou trabalhar 12 horas por dia, vou estudar 5 horas e dormir e comer no que restar.
Me esconder dessa gente, me infiltrar mais em mim.
Penetrar no que eu sou e me permitir morrer lentamente.

Comprar remédios controlados pra acordar e viver. E debaixo de todos os cosméticos, dinheiro e marcas eu me escondo como em baixo de uma gaveta, eu me esqueço até não saber mais qual será o meu nome.

Qual é mesmo o meu nome?
"Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz"

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

MEMÓRIAS

“Mas agora eu sei que o nosso mundo não é mais permanente que uma onda subindo no oceano. Quaisquer que sejam as nossas lutas e triunfos, qualquer que seja o modo como o experimentamos, em breve todos fundem-se numa coisa só, como a tinta aguada de um aquarela num pincel.”

..Memórias de uma Gueixa...



Terminei de ler o livro “Memórias de uma Gueixa” esta manhã. Com certeza digo que foi um dos mais impactantes pra mim. São 457 páginas de total identificação. Apesar, como disse o autor, Arthur Golden, da personagem principal, Sayuri e sua vida serem totalmente inventadas, os fatos históricos da vida cotidiana de uma gueixa nos anos 30 e 40 não são.

A história central fala de uma menina arrancada da família e cidade natal. Ela é vendida para ser treinada como gueixa. Afastada mais tarde da irmã e sofrendo vários tipos de humilhação, a pequena Chyo vê sua vida esvair-se sem o menor controle. Anos depois, a soma de tanta dor e sonhos que aos poucos são esquecidos ela se torna a grande gueixa Sayuri ou Nitta Sayuri. Sendo uma das mais populares de sua época, conquistando cada pequena coisa com a qual sonhou, porém, sempre pagando um preço muito alto por elas.

Acredito que todos nós em algum momento desejamos ardentemente voltar ao passado e resolver questões, ou nos lembrar apenas. Todos passamos por períodos em que nos questionamos o que teria sido se não nos tivesse acontecido determinado fato. Todos remoemos nossas magoas como uma criança que masca um chiclete, até que chega o momento de nos desfazermos de tudo isso e olhar para quem nos tornamos após cada pequeno acontecimento ou circunstancia.

Sentada no domingo no banco de uma igreja, me lembrei de quem fui antes de um pequena perda que tive ou muitas perdas, talvez. É verdade que muitas vezes desejei que nada disso tivesse sido verdade, desejei acordar como de um sonho e ver minha antiga realidade intacta, correndo normalmente.
Mas neste dia em que conto pra vocês eu percebi o quanto essas desilusões são menores do que aquela que eu sou hoje. E o que elas fizeram comigo? Nada além de que me impulsionar pra frente e me ajudar a construir cada pequeno sonho e muito mais, a perseguir cada um deles.
Hoje me agarro fortemente a tudo que tenho e que sou e agradeço às lagrimas choradas, a força que sinto e a certeza de me levantar cada vez maior.

“É incrível
Nada desvia o destino
Hoje tudo faz sentido
E ainda há tanto a aprender”

...Monalisa/ Jorge Vercilo...




sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

POR CHICO

Quando ouço Chico tenho vontade de deitar no chão, fechar os olhos e deixar que a música penetre pelas janelas da minha alma, invada todo e cada centímetro meu.
Faça disso tudo o que sou eu.

Sempre ouvi dizer da sua fama, senti tão longe. Mas Chico está próximo de cada ouvido que escuta, cada olho que o lê.
A ultima vez que o ouvi, pensei estar em lugar demasiado longe. Num campo mais que verde e o céu já não era mais azul de tão azul.

E Olhos nos olhos, ouvindo Minha história, eu sei que o Calice foi quebrado, e eu, mesmo não sendo Yolanda percebo a Roda Viva girando, toda gente passando. Percebo que além de Tanto mar existe João e Maria de todos os tipos, todos os jeitos vivendo Com Açúcar, com afeto. E deixo então Pedaços de mim por todo canto com o som do Chico e Sem fantasia eu sorrio e pergunto à vida, assim, cara a cara, Quem é você?