terça-feira, 11 de janeiro de 2011

UM CONTO

Algumas histórias se confundem, pessoas se parecem e o tempo não passa em meio a tanto tédio, era o que ela pensava no escuro enquanto tentava dormir, levantou, abriu a janela e deixou que a luz ainda que fraca entrasse pelo vão.

“A vida deveria ser mais original” disse num tom baixo, mas suficiente pra ela se assustasse com o som da própria voz, ela nunca gostou de escuro, muito menos quando está sozinha. Medrosa é o que ela era, uma menina medrosa e insatisfeita, sempre soube que era assim, nunca teve coragem alguma. Não gostava do escuro, da solidão. Não gostava de gente e nem de fazer nada novo, só pensava. Não tinha medo de pensar, mas freqüentemente seus pensamentos a assustavam também.

Cerrou os olhos, tentou espantar um sombrio pensamento, levantou-se de novo e fechou a janela totalmente, não podia dormir com o barulho da chuva, mas a chuva era uma desculpa, o que a incomodava mesmo era perceber que passaram minutos, talvez horas e ela continuava só. Deitou numa posição diferente, passou a pensar em coisas que quase todos pensam, sua família, seus amigos, um amor, um sonho, o passado e o futuro. A maioria a atormenta, enquanto outros tranquilizam.

Uma menina escondida. É o que de fato ela era. Esperando pelo sol.

Esperou toda uma noite e ainda estava de olhos abertos quando os primeiros raios de luz invadiram o dia. Pensou que ela poderia, um dia quem sabe, despontar como aquela luz que, ao passar pela noite mais sombria, despontaria, brilharia e quem sabe poderia ser livre.

Sonhou com tudo que faria se não fosse o maldito medo, se houvesse aqueles problemas que quase todo mundo tem, e talvez, se algo diferente acontecesse, se alguma coisa quebrasse aquela gaiola invisível que ela acreditava estar presa.

Pensou muito, se emocionou, olhou a luz mas desistiu, virou-se e adormeceu já que agora, não havia escuridão e a solidão parecia amenizada, cantou um pássaro em uma gaiola colocada perto de sua janela. Ela não ouviu.