quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

NO ÔNIBUS COM DEUS

É quando todas as luzes se apagam que ela chega. Aproxima-se lentamente roubando o sono ou sugando lágrimas. A frustração é umA companhia ruim.

É quando ninguém nos vê que descobrimos quem realmente somos, quando não precisamos nos auto afirmar ou ter vergonha de sofrer, já que não há ninguém ali.
Há algum tempo estive lendo livros demais, chorando demais e dormindo e me alimentando de menos.

Quem nunca sofreu uma grande perda ou nunca sonhou alto não sabe do que eu possa estar falando agora. Mas você que já sentiu na pele o que é desejar muito e receber um grande não, ou construir um castelo e vê-lo ruir bem ali na ponta do nariz, compreende muito bem as minhas simples palavras.
Tentando desesperadamente combater alguma coisa dentro de mim, me erguer e por em pé com toda minha força, porém sem sucesso algum.

Então um dia, dentro de um ônibus, com a visão embaçada, não sei se pela chuva ou pelas lagrimas teimosas que tentavam escapar por trás dos meus óculos, eu ouvi algo no meu Mp4 player, uma canção única e traduzindo do inglês, ela dizia assim:

Quando você faz o seu melhor, mas não tem sucesso
Quando você tem o que quer, mas não o que precisa
Quando você se sente tão cansado, mas não consegue dormir
Preso ao contrário

E quando as lágrimas escorrem pelo seu rosto
Quando você perde algo que não pode substituir
Quando você ama alguém, mas não dá certo
Poderia ser pior?

Luzes vão te guiar para casa
E incendiar seus ossos
E eu vou tentar te consertar

Eu não sei se você pode, mas eu posso ouvir Deus cantando isso pra mim. Eu posso ver Deus tentando fazer aquilo que eu não posso, chegando a lugares escondidos que eu mesma desconheço.

A musica Fix You ( Cold play) me fez lembrar que não depende de mim, mas sim Dele. Ele consertará os meus caminhos e me fará andar em paz.


( Esse blog não tem objetivo de falar apenas de questões espirituais, mas eu precisava postar isso. Comente!)



terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

MAS É CARNAVAL!

“Deixa eu brincar de ser feliz,
Deixa eu pintar o meu nariz”

Los hermanos


José nasceu em cima do morro há 7 anos, seu choro foi ouvido pelos barracos encostados no de sua mãe. O pai está preso por tráfico e a mãe está agora no sofá pensando no jantar.
Faz três dias que ele só come arroz. Seu brinquedo preferido é o carrinho que o seu Antonio da viela acima fez com pasta de dente.

Ele não tem Tv, então vai ao bar do Joaquim pra ver um pouco todas as noites. Lá, pessoas como seus pais se unem para acompanhar a programação da vez.
Cantores, atrizes em penas e plumas, carros com metros e mais metros de altura, brilhantes, cristais.

Os reporteres falam dos preços que as escolas e os cofres públicos desembolçaram. Eles sambam, mexem, e jogam para a multidão um sorriso largo com dentes brancos como o leite. Leite que o José não se lembra do gosto.

Seu Joaquim desliga a Tv.
O José volta pra casa, é hora de jantar o prato de sempre, acompanhado de um copo d’agua.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

EU VOU

Eu vou pintar um nariz de palhaço pra rir da minha própria desgraça.
Me maquiar até esconder as olheiras que resultam das noites e dias que não durmo.
Rosar minha face artificialmente e camuflar a falta de vida e os dias em que não como.

Eu vou rir um sorriso frio, pra que ninguém me pergunte o que eu tenho.
Vou cantar uma música alegre pra enganar aos que me odeiam.
Vou comprar um perfume caro pra que não percebam o cheiro podre que exala de dentro.

Vou me vestir como a moça da TV, sendo alguém que não sou, demonstrando algo que nunca senti.
Nos pés o salto pra me sentir maior e acima de tudo isso.

Eu vou comprar o mundo, vou colocar um novo objeto no lugar de alguém que tenha ido.
Vou pentear os meus cabelos e usar neles o melhor e mais perfumado óleo que encontrar, pra que meus pensamentos não escapem. Pra que minha cabeça se contenha em carregar fios tão lindos que não me traga mais lembrança alguma.

Eu vou trabalhar 12 horas por dia, vou estudar 5 horas e dormir e comer no que restar.
Me esconder dessa gente, me infiltrar mais em mim.
Penetrar no que eu sou e me permitir morrer lentamente.

Comprar remédios controlados pra acordar e viver. E debaixo de todos os cosméticos, dinheiro e marcas eu me escondo como em baixo de uma gaveta, eu me esqueço até não saber mais qual será o meu nome.

Qual é mesmo o meu nome?
"Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz"