quinta-feira, 27 de agosto de 2009

AOS PORCOS

Educação é um treco complicado de se achar hoje em dia. E não é que eu não procure. Resolvi escrever esse post como forma de desabafar. Ainda que ele não seja tão lido, que não seja comentado e que não desperte o interesse. Vou fazer assim mesmo.

Esses dias estava assistindo um documentário da BBC e uma das frases que ouvi não sai da minha cabeça: “A forma como tratamos uns aos outros tem conseqüências graves”, não me lembro quem disse e sei que parece obvio o sentido dela, mas a gente se esquece.
Eu, nos meus 22 anos, estou cansada de conviver com gente mal educada, gente que acha que o mundo tem que girar no sentido que gira o seu egoísmo. Gente que acha que pode falar como, com quem e da forma que quiser e ninguém tem o direito de se magoar.

E no meio de tanta gente malcriada e egocêntrica é preciso ter auto-estima. A auto-estima não aparece quando você se olha no espelho, quando se maquia ou compra algo novo apenas. Ela surge quando você deixa claro a forma como exige ser tratado e não se contenta com relacionamentos superficiais com pessoas superficiais, cheias de seus problemas e suas duvidas, incapazes de olhar ao redor e perceber que a Terra gira com ela ou não.
“Mais do que máquinas precisamos de humanidade. Mais do que inteligência precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes a vida será de violência e tudo estará perdido.” Disse Charles Chaplin, acho que ele como eu, estava meio de saco cheio.

Acontece que a paz não é um movimento que se provoca ou um documento que se assina. Ela é um estado de espírito. Ela não envolve grandes nações e povos. Ela envolve cada um individualmente e se manifesta nas nossas atitudes a cada dia.
Querer um pouco de paz é querer ter a mente tranqüila, livre das grosserias corriqueiras e do negativismo que a sociedade, muitas vezes, nos impõe.

E se você ainda não sabe como ser educado com os que te cercam, por favor não saia de casa.
Se não sabe falar com respeito, então não abra a boca.
Existem pessoas com valor próprio suficiente para não precisar passar por isso.

“Doe sangue para hospitais.
Dê seu sangue por um projeto de vida, por um sonho.
Mas não doe para aqueles que sempre, sempre, sempre vão lhe pedir mais e lhe retribuir jamais.”
Martha Medeiros.
Tem um versículo bíblico que traduz isso muito bem. “Não jogue suas pérolas aos porcos”.

domingo, 23 de agosto de 2009

"O QUE EU MAIS GOSTO NELA"


“...respostas que eu não tenho
eu me desperso eu nem as quero
se o que eu gosto na vida
é seu mistério, é seu mistério
respostas só confundem o que meu coração quis

respostas são pra aqueles que têm medo e eu já cai”.
..Danni Carlos / Pisando em marte...

Eu ja ouvia essa moça aí muito antes dela recolher ovos e escovar cavalos e nem de perto é disso que quero falar. Reality Shows não fazem o meu tipo, e certas redes também não.

Eu tava ouvindo essa música essa semana e dando uma viajada numa das vozes mais bonitas que ja ouvi, de uma das compositoras mais proofundas que conheci e me deparei com a realidade da nossa necessidade de respostas.
Nós queremos saber de tudo o tempo todo.

Nós consultamos a previsão do tempo e como estão as estradas antes da viagem. Calculamos quanto tempo levaremos para executar determinados trabalhos, alguns mais crentes consultam seu horóscopo, cartomantes e até a lua.
A verdade é que nós odiamos ser pegos de surpresa.

Eu mesma já me peguei tentando entender tanta coisa, controlar tanta coisa e pressionar para que as situações andem conforme o meu desejo.
Me esquecendo de que para cada dia basta o seu mal, como li uma vez na Bíblia, e acho também que cada dia reserva sua surpresa.

Eu não sei de onde vem essa necessidade de se afirmar saber de tudo, esse desespero em querer o controle. Mas sei que é hora de abandonar isso. Como se abandona uma roupa que não serve mais, como se esquece de algo que dói na lembrança.

Quero abandonar essa necessidade, quero abandonar porque isso pesa demais e meus ombros já estão demasiados curvados.
Abandonar com o mesmo sentido do poema de Pessoa:

"Há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas,
que já têm a forma do nosso corpo,
e esquecer os nossos caminhos,
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia;
e se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para sempre,
à margem de nós mesmos”.

Eu não quero permanecer à minha margem, quero ir onde o impossível pode levar.
Então nas palavras deste post, tento me libertar de tudo que prenda, acorrente ou amordace a começar pela necessidade do conhecimento exagerado.

A vida: O que eu mais gosto nela é seu mistério.
Deixo então o vídeo da musica, viaje também:


domingo, 16 de agosto de 2009

A BIG FISH

Enquanto eles nos dizem o que fazer, nós procuramos pelas brechas que eles se esqueceram de fechar.
Enquanto eles me ligam e dizem como devo proceder, o que dizer e de que forma falar, eu nado contra essa maré de ordens, desesperadamente e quase sem ar eu finjo ver alguma saída, eu minto pra mim, acreditando que já estou chegando em terra firme.

Uma terra onde tenha tempo de pensar, onde possa ser quem sempre fui.
Onde possa assumir meus erros e defeitos, e que eles sejam meus apenas.

Enquanto eles falam ao povo sobre a importância da obediência, e em como são bem aventurados os que não discordam, mas diligentemente respondem com uma grande e sonoro “sim”, eu estou tentando derrubar as mascaras.
Estou cerrando as cadeias com meus dentes, fazendo de todo meu esforço uma arma para tirá-los de lá, mas eu também quero sair, mas como?

Eles detêm todo o poder sobre nós.
Eles podem formar a nossa opinião.
Os outros dizem que sim, e também dizem que sou louca, sou rebelde, talvez esteja perturbada demais.

Acontece que eu ainda cerro com meus dentes, eu ainda grito aqui no fundo das ordens mal dadas, mal explicadas.
Mas me sinto, como na musica de Fernando Anitielli, eu “estou morrendo, morrendo comigo na mão.”

Como na mesma musica, sei que “é preciso aprender a morrer, para nos tornarmos imortais.”
E eu quero morrer pra eles, quero ir além até que eles não me vejam mais.
Eles não podem manipular quem não podem ver, não podem tirar o sono de quem já morreu.

Eles me mandaram fechar os olhos e me mandaram erguer as mãos, Eles usaram o Nome que não deveriam ter usado. E eu?
Eu não posso lutar mais, que eles me vejam morrendo. Mas única mensagem que me vem a mente esta em “Lost”:

"Eu apenas me perdi
Todo rio que tentei atravessar
Toda porta que testei, estava trancada
Ohhh eu estou...
Apenas esperando até que o brilho se apague...

Você pode ser um peixe grande
Em um pequeno lago
Não significa que você venceu
Porque logo pode chegar
Um maior..."


domingo, 2 de agosto de 2009

MUTAÇÕES FAISCANTES. YEAH!

“...fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro.”
(Clarice Lispector)

Uma das acusações que ouvi recentemente é que não sou a mesma, ando mudada. Num tom desanimado a pessoa me confessou que gostava muito mais de mim antes, considerando que o antes data seis anos atrás, acho que devo ficar grata e sorrir quando digo: Sim, ando mudada.
Já imaginou se eu me vestisse como quando tinha 16 anos? Se eu ouvisse as mesmas coisas? Se tratasse as pessoas da mesma forma ou se tivesse as mesmas idéias?
Seria no mínimo ridículo e cômico.

Concordo com Lya Luft quando diz que viver deveria ser até o último e derradeiro olhar, transformar-se. Afinal, essa é a graça da coisa toda.
Eu quero me transformar para não matar de tédio aqueles que me cercam, da mesma forma que não quero bocejar ao encontrar um velho amigo.
As novidades e as mudanças são sempre tão bem vindas quanto um sonho.

Leminski, em um de seus poemas relata: “ quatro dias sem te ver, e não mudaste em nada”, o tédio na escrita do poeta é claro. Ele como criativo que sempre foi não admitia o comodismo ou a mesmice nas idéias e pessoas.

Muito por isso, não acredito nessa história de alma gêmea e nem em par perfeito. O que acredito é que em todas essas fases pelas quais passamos, existem pessoas que se encaixam e depois deixam de fazer sentido mudando a direção. Quando encontramos alguém com o mesmo poder de evolução e de compreensão desta evolução, ai sim,passamos a seguir pela vida com o mesmo alguém.

Então como resposta aos que perguntam por que ando mudada, digo que sim com orgulho, eu já não sou mais a mesma e no momento quem que você me lê, já não serei a mesma que escreve neste blog.
Sim, as minhas mutações me fascinam, me surpreendem e me permitem continuar viva.