segunda-feira, 7 de setembro de 2009

EM OUTRAS FREQUÊNCIAS



“... remar contra a corrente
Desafinado coro dos contentes”.

(Engenheiros do Hawai/ Pose)



Depois de literalmente andar dormindo e levar um baita tombo, chegando a rasgar minha calça e mancar a noite inteira, resolvi que era importante dar um tempo. Hoje resolvi verificar o que Dom Casmurro queria dizer, deixei que a Alanis cantasse “Perfect” em meu ouvido e convidei a revolta para sentar-se comigo. Então deixei que ela falasse e calmamente enxerguei a onda de pessimismo em que me coloquei, retratada em meus últimos posts.
Essa onda só não me leva graças ao vídeo acima, que conheci através de um blog muito bacana, o Solomon.

Sem o desespero e correria habituais, notei que sim, que vale a pena. Olhando meus livros, amigos e as musicas que ando ouvindo reparei que nunca serei um “sexy simbol”, devo alertar que vocês nunca me verão na capa de uma revista dando dicas para manter a pele jovem ou indicando uma dieta nova. E que, se é isso que a realidade da indústria procura, serei obrigada a arregaçar as mangas e criar minha própria realidade, construindo com as pessoas que amo, um lugar habitável para pessoas imperfeitas.

Enquanto o padrão aparece e recita para as câmeras textos lindamente decorados, escritos por pessoas que pensam em mais que gloss, eu talvez esteja bem longe, fazendo nada demais, como ouvir líderes comunitários ou encher pratos com sopa em algum bairro onde o padrão não entra, nem mesmo para espiar.

Talvez eu escreva livros infantis, que digam às crianças que princesas e camponesas são iguais e que ambas poder ser muito felizes, mas nunca para sempre, e que os animais não precisam falar para expressar aquilo que sentem. E quem sabe assim, com uma nova consciência, algo novo seja feito por elas.

“Apesar das minhas fragilidades, avanço”, como Lya Luft. Apesar da superficialidade do sistema, da TV que entretém da forma mais burra possível, Apesar do modelo pesado que nos é jogado na cara, apesar de me sentir uma peça quadrada em uma forma redonda, eu tento.
Ainda como Lya Luft afirmo:

“Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido...
... Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for.”


Eu continuo porque ainda estarei quando a gravidade violentar os corpos, quando as novas tecnologias forem ultrapassadas por outras ainda mais novas, e sei que verei o conteúdo vencer o externo. Ainda que num pequeno espaço em um mundo particular, eu estarei lá para perguntar: “What you gonna do with all that junk?”

As exceções existem e ainda que consideradas inconvenientes e irreais, ainda que discordem delas, ignore ou humilhe-as ..
É preciso saber que elas estarão lá.

E esse vídeo vai para aqueles que conseguem vibrar em outras frequências, só pra eles.

2 comentários:

  1. Boa pergunta!

    Mais um belo texto
    Simplesmente você.
    Parabéns Cintia

    Bjos

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  2. Ótimo vídeo e grande música Cintia. Obrigada pelo post... Me fez vibrar em outra frequência!

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