segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O SOM DO MEDO


Depois que o grande animal havia varrido cada canto,
Adormeceu com sono pesado.
Então ela, que há muito esperava saltou da gaveta que mal a acomodava.
Caminhou até a janela, a abriu sorrindo com o toque da brisa fresca da madrugada.

O céu não trouxe estrelas aquela noite, e nem o brilho da lua.
Mas ainda sim, ela sorriu.
Olhou a imensidão do infinito e imaginou se em algum lugar por trás daquele horizonte, haveria gente livre.

Enquanto o bicho dormia, ela retirou o pão já embolorado da sacola e comeu.
Chorou de prazer enquanto seu estômago era saciado e enquanto observava as nuvens que aos poucos se carregavam.
E as lagrimas corriam com tanta pressa e o som dos seus sentimentos invadia a cidade alta, chegando à parte mais baixa.

E de repente ele despertou.
E o grunhido iniciou, os gritos enchiam os corredores, ele sabia onde ela estava.
Ela correu para a gaveta onde achou encontrar refúgio.
Ele cada vez mais perto caminhava sobre as patas tão temidas, ensurdecendo com seu gemido estrondoso.
Ela chorou, mas não mais de prazer.
Era mais uma vez o medo arranhando a sua porta.


“Os dias que eu me vejo só
São dias que eu me encontro mais
E mesmo assim eu sei tão bem
existe alguém pra me libertar.”
Los Hermanos/ Condicional

Um comentário:

  1. A cada sorriso um motivo pra viver!
    Até a lua sorri...

    mais um belo Ci
    tava com saudades desses posts tbm
    Beijo
    Cintia Ferreira.

    ResponderExcluir