sábado, 10 de outubro de 2009

PRA MAIS TARDE

Mais tarde quero vê-lo enquanto dorme
Pra saber que faz com o ar que te dei.
Quando as luzes apagarem e o vento se calar
Vou passar por lá observando
Como você vive sem o som dos meus murmúrios
Sem o ronco do meu medo.

Quando tudo for noite e breu
Viajo e sinto o tempo que deixei, o sonho que colhi
E que hoje carrego em busca de um peito que ao aceite
Que o leve a sério
Que adormeça neste mistério

Quero saber a quantas anda as mentiras que te devolvi
Já que eram demais e não couberam em minha caixa
Será que cuida delas? Ou as fez voar como antes?
Delas eu me lembro, brincando de corda e bambolê
Acenando pra mim com um gesto intrépido e seco.

Um momento chegará em que visitarei o seu sono
Espiarei dentro do corpo o que ficou ali além do que era meu
Do pouco que dei, o tudo que tinha.
Hoje já não sei em que terreno baldio abandonei o que senti
Em que palavras ásperas perdi o que roubei de você.

Mas quando for o tempo você se lembrará
Que todas as coisas que me deu foram contra a minha vontade
E o único bem que exigi, me foi negado
uma colher de paz e uma pitada do honesto.

Eu que nunca pedi muito
Só recebi o que não quis, o que não fazia diferença
E quando peso as flores de plástico me sinto ainda mais só
Cheia de coisas
E sem nenhuma palavra pra rir ou pra chorar
Sem nada que me ilumine e me diga que já é dia.



(um pouco de cor pra assustar a dor
Que pousou no meu braço ocupando o espaço
Que imaginei um dia ser seu)

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