sábado, 22 de maio de 2010

UM POUCO MAIS DE PACIÊNCIA


“Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...”
...Lenine/ Paciência...


Tenho feito dessa música do Lenine um hino e me apegado com força. Mas nem sempre foi assim, na verdade comecei há pouquissimos dias.

Quando se entra na sala de um médito depois de se submeter a vários exames, e ele arregala aos olhos e diz que está em um nível elevadíssimo de stress e informa que seu problema é uma doença comum para mulheres acima dos 45 anos, é hora de repensar. Não é? Bem, foi assim.

Algumas pessoas não acreditam, mas quem convive lado a lado comigo sabe como eu posso ser stressada e irritante, como cada pequeno detalhe fora do que eu chamo de normal pode acabar com o meu dia ou me fazer acabar com o dia de alguém.

Essa sou eu. Totalmente absorvida pela necessidade de se manter informada a respeito de tudo que acontece e ao mesmo tempo, louca por respeitar prazos, fissurada em novas tecnologias, especialmente as que envolvem relacionamentos. Querendo ler tudo, saber tudo, acertar tudo. Você que é meu amigo e se surpreendeu devo te dizer, eu finjo bem né? rs

Não parece, mas eu sou meio louca.
Não suporto a ideia de não saber, não fazer. Odeio ir a supermercados porque sempre tem donas de casa conversando e atravancando os corredores, odeio gente lerda, gente barulhenta e gente tapada. (Confissão difícil)
Também odeio esperar qualquer coisa.

A enfermeira que fez meus exames disse exatamente assim: “Você não se acha nova demais pra tanto stress? Vamos acalmando aí mocinha”.
E eu, com toda cara de pau respondi: “Ser stressada é normal, ser calmo demais que é um absurdo”.

Como eu estava errada.
Adianta querer fazer tudo certo, se incomodar com coisas pequenas pra no outro dia não conseguir nem sentar durante uma crise de labirintite?

Adianta dirigir com pressa até se envolver em um acidente com mais dois carros e carregar um trauma por longos meses? (Ainda carrego)
Adianta entregar no prazo, mesmo sem dormir ou comer direito, se depois vou ter que esperar pela nota porque meus amigos não sacrificaram o mesmo tempo que eu, porque eles estavam vivendo o que eu não estava?

Não. Não adianta.
Decidi que não preciso tanto da internet e nem ler tudo que os professores mandam. Não preciso de um celular mais moderno e nem dormir menos. Eu preciso de calma e amor por cada segundo que eu vim desperdiçando.

Vou parar sim.
Pra curtir o som do Zá Ramalho e assistir o ultimo capítulo da novela (sempre me emociono).
Pra bater papo na cantina com amigos e ouvir como foi o dia deles e quem eles tão paquerando.
Vou inventar alguma desculpa pra entrega fora do prazo e voltar a ler os livros sobre mulheres do oriente, minha literatura preferida ainda que pareça estranho.. rs

Fugir dos novos mandamentos desse mundo insano é o que realmente eu preciso agora.. E você será bem vindo se quiser fazer isso comigo.

“E até que a morte eu sinta chegando
Prossigo cantando, beijando o espaço
Além do cabelo que desembaraço
Invoco as águas a vir inundando
Pessoas e coisas que vão se arrastando
Do meu pensamento já podem lavar

Ah! no peixe de asas eu quero voar
Sair do oceano de tez poluída
Cantar um galope fechando a ferida
Que só cicatriza na beira do mar
É na beira do mar”

Zé Ramalho/ Beira Mar


Um comentário:

  1. Cintia,
    Há momentos na nossa vida que precisamos ter um tempo pra respirar melhor, pra organizar melhor nossas idéias e pensamentos.
    A vida passa depressa e é importante que tomemos como prioridade somente as coisas que façam bem para o nosso viver.
    Espero que você esteja com a paz necessária para botar sua vida nos eixos.
    Belot texto Cintia!

    beijo.

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