sábado, 27 de junho de 2009

ELA

Ela subiu no sofá da sala que se encostava na parede azul
Abriu a janela que mal podia alcançar e gritou
- Venham todos, venham ver os países.

Então toda a família se aglomerou e olhou
e só o que viram foi o que o óbvio podia ver
Viram muros e telhados, casas e àrvores,
viram também o céu que trazia nuvens carregadas
Desesperadas para explodir em gotas.

Ela, no entanto, olhou e viu
Viu que por trás da cortina cinza cheia de nuvens,
haviam pessoas que habitavam países e continentes,
estados e cidades, havia gente de todo tipo e bichos também ela viu.

Viu que nada era da forma que se vê, que sempre há mais
Que o horizonte é o lugar onde se deseja intimamente estar,
tão longe e tão constante.
Viu galhos e insetos, flores e folhas
Risos e dores ela viu.

E no fundo do que era, ao ver passou a sentir
E sentia todas as dores do mundo
E pensava em todos os sonhos das gentes
Ria o riso das crianças todas que enchiam a Terra.

E a fisgada no peito apertou bem fundo e quase como um grito lhe escapou da cabeça e invadiu a boca e calou os olhos, aquela pergunta que vem quando se vê:

Pra quê eu vivo?

3 comentários:

  1. Como eu já te disse Ci, fiquei sem palavras com esse texto. Não tem nem o que comentar.É pra sentir! rs
    Bjão poeta....

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  2. Boa pergunta!
    Quem sabe sirva para as pessoas refletirem seu interior...
    Bjo
    Cintia Ferreira

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