
Eu to procurando um jeito de escrever que desagrade aos lingüistas tradicionais;
Procurando um jeito de brigar com a reforma ortográfica.
Eu to descobrindo uma forma de me vestir além do que madame Chanel disse que era bonito, e alguma coisa que não me faça parecer um outdoor que anda ou uma lata de refrigerante.
Estou tentando ler coisas que meu pai não gostaria que eu lesse, tentando falar coisas que talvez ele não gostasse de ouvir.
Olhando pra o que ninguém quis ver, observando o que me enoja.
Procurando um jeito de brigar com a reforma ortográfica.
Eu to descobrindo uma forma de me vestir além do que madame Chanel disse que era bonito, e alguma coisa que não me faça parecer um outdoor que anda ou uma lata de refrigerante.
Estou tentando ler coisas que meu pai não gostaria que eu lesse, tentando falar coisas que talvez ele não gostasse de ouvir.
Olhando pra o que ninguém quis ver, observando o que me enoja.
Eu quero ouvir músicas que não tocam nas rádios, conhecer a voz de caras que a maioria não conhece, sei lá o porquê..talvez porque eles usam mais a cabeça que o corpo, porque eles pensam demais e requebram de menos ou até porque talvez eles cantem sobre coisas que incomodam.
Eu procuro amigos, mas não de qualquer tipo. Do tipo que não se importe com o que eu visto ou leio, do que me ame e só. E que me deixe amar também e só. Mesmo estando tudo diferente e de ponta cabeça, mesmo não havendo razão para amar, na verdade, nunca há.
Eu quero um trabalho onde eu possa ganhar dinheiro, mas que não me consuma inteira e que o dinheiro cheire bem, aquele cheiro de coisa bem-vinda e não de coisa roubada ou estragada pelo suor exagerado, pela palavra mal dita ou mal ouvida.
Eu procuro alguém que não me entenda e que nem queira, eu mesma desisti disso e nem preciso viu.
Eu gostaria de comer além do que os states colocaram aqui, conhecer a cultura além da que eles enxertaram.
Pisar em terras que me proibiram de pisar... Saber do perigo do qual me alertaram.
Eu to querendo não me parecer com a Barbie, tentando fazer do meu corpo, do meu rosto e cabelo algo apenas meu, encantamento sim, mas quero alguma coisa que uma boneca não reproduza e uma foto de revista não capture.
Nada digno de ser imitado, meu e só.
Eu to chamando por um Deus diferente daquele do qual me contaram coisas e daqueles que prenderam em imagens e me disseram “ajoelhe-se”. Um Deus que me ouça falar coisas que o deus deles não ouviria, um que me ame apenas e que seja meu. Não aquele dos púlpitos, mas, Aquele lá de casa, lá da rua e daqui de dentro.
Procuro ver com meus olhos esse mundo e esquecer tudo que já vi com olhos alheios, tudo que falei e que não era meu. Eu tenho fome das minhas palavras.
Procura-se uma vida que seja minha apenas, aquém da massa, aquém do todo e todos. Considerando que eu fazendo parte do todo, não sou esse. Posso então me aventurar a ser apenas eu e assim me ouvir, me ver e sentir, aquém do resto ou de você.
Procuro desculpar-me se isso ofende, sei que isso é muito difícil, me confunde.
Procuro não seguir, mas procuro e só.
Até quando? Sei lá.