quinta-feira, 2 de junho de 2011

Tempo, mano velho


“Tempo, tempo mano velho, falta um tanto ainda eu sei
Pra você correr macio
Pato Fu – Sobre o tempo

Andei pensando sobre o tempo e no que ele realmente significa pra nós. Ter tempo é ser livre, e quem não tem? O tempo também escraviza. 
Eu, por exemplo, sou escrava do tempo.

Nesses dias em que temos vivido, temos conquistado muitas coisas, mas coisas nunca são suficientes. Acreditamos ser alguém ou que seremos alguém algum dia diante de tanto esforço, mas o que realmente significa ser alguém? Vou falar sobre mim.

Quando acordo, minha sobrinha vem correndo me contar o que fez no dia que passou. Eu corro pra me vestir, me arrumar, o tempo corre e enquanto isso, a menina de seis anos fala. Fala ao vento. Eu tento ouvir mas o danado do tempo...

Trabalho, faço meu estagio, estudo. Esse ano me formo, vou ser jornalista, enfim. Se estou feliz? Talvez.
Eu terei um diploma em breve, mas já não sei se terei tantos amigos. Por que? Porque tenho que estudar e trabalhar tanto que não posso sequer dedicar a eles um tempo para conservar a amizade, bater papo, ajudar sabe?

Não posso ir ao funeral de um ente querido de um grande amigo de infância, não posso acompanhar minha melhor amiga com os preparativos de seu casamento, nego favores a outros amigos. Não estou lá quando os dentes da minha sobrinha caem. Não estou lá quando meu noivo está preocupado e precisa conversar.
Então, penso, quando eu finalmente colocar o diploma na parede, receber todo dinheiro que posso pelo meu trabalho, o certificado de meu estágio, poderei eu correr atrás das sensações que perdi? Poderei eu viver o que não vivi? Não, outra questão importante sobre o tempo é que ele não volta e não para.

Não estou dizendo “Não faça nada, curta a vida” não sei ser assim, também sou escrava dos meus planos.  Porém, tenho pensado o quanto o tempo nos castiga e nos prende e ao mesmo tempo, quanta falta mais dele tem me feito.

“Nenhum sucesso profissional justifica um fracasso familiar” li isso outro dia, e pensei: nenhum papel ou nenhum dinheiro justifica ver a vida passar, ver as pessoas passarem pela minha vida sem que eu as acompanhe e as sinta.  

Já não quero ter a melhor nota, o melhor salário ou ser a melhor profissional. Me contento em ser a melhor tia pra minha sobrinha, a melhor noiva, a melhor amiga, a melhor filha. Acho que pra mim, já é suficiente. E pra vocês?


“Para abraçar meu irmão
E beijar minha menina
Na rua
É que se fez o meu lábio
O seu braço
E a minha voz.”

Belchior – Como nossos pais

2 comentários:

  1. Poxa cifers...
    Muito bom....
    Mas relaxa e Nao leve a vida tão a serio...
    Aproveite o dia.....
    É muito melhor ser do que ter! Isso vc esta certíssima

    Sou seu fã....

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  2. Que lindo! Sinto isso também e olha que estou começando a carreira. O tempo realmente não pára. Aproveitar os mínimos momentos para ser uma boa filha, uma boa irmã, amiga, aluna, pessoa. E realizar sonhos, cumprir objetivos, me realizar profissionalmente e ser feliz. Haja tempo para tantas coisas. Haja tempo para tanto tempo. Beijos, querida. Au revoir :)

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