
Por Ferréz
“Há muito tempo a humanidade deixou a sinceridade de lado. O que temos é opiniões certas guiados por erradas, erradas guiadas por cegas.
Uma pessoa que é sincera vive sozinha ou com um ciclo de amizade restrito. É tida por todas como inconveniente, insatisfeita, crítica, amarga, pensativa demais.
Numa sociedade que vive num mundo fictício (...) ninguém quer ser posto de frente com a realidade.
A pessoa sincera não agüenta conviver com a família muito tempo, não agüenta piadas que na verdade querem dizer outra coisa, não gosta de jogos com palavras, não agüenta cinismo, não tolera mentira, e geralmente não suporta egos inflamados. (...)
A manipulação é tão grande, que, quem se expressa sobre isso, começa a ser chamado de maluco, contestador e mais uma dezena de nomes.”
Este texto do escritor Ferréz foi publicado na Revista Caros Amigos de dezembro/09
E foi lendo o texto acima que fiz uma descoberta importante sobre mim, descobri que não chata ou mal humorada, eu sou sincera. Característica cada vez mais rara.
É mais fácil encontrar pérolas em conchas que pessoas sinceras. E que atire a primeira pedra aquele que nunca se sentiu usado para determinado crescimento ou suprir a necessidade de alguém, e depois deixado de lado como uma meia furada.
Essas pessoas estão por toda parte procurando qual será o novo degrau a ser pisado, o novo alvo conquistado para que elas possam crescer e brilhar, brilhar.
Machado de Assis escreveu o texto “Um Apólogo” que recomendo muito. Há todo tempo estamos sendo agulhas para linhas ordinárias ou escadaria para gente com talento apenas para falsificar emoções e ideais.
Talvez a única forma de se defender disso seja o afastamento, ou continuar suprindo as necessidades dos parasitas ao seu redor, dessa maneira, nós sinceros, evitamos a solidão.
Eu já me senti só muitas vezes, só por não apoiar atitudes que considerava erradas, me retirei de ambientes em que o sistema que imperava ia contra minha consciência de fazer o bem, deixei de lado amigos de infância por não querer seguir junto um caminho de ostentação, falsificação e mentira. E declaro que, continuarei assim, enquanto acreditar que me convém.